Concurso Geração €uro - A nossa experiência

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5 5 alunos do Curso Profissional de Cozinha e Pastelaria foram ao Banco de Portugal defender o seu ensaio sobre a evolução das taxas de juro diretoras... e voltaram com o prémio de 2º Lugar!

No início do ano letivo foi apresentado às turmas do secundário o concurso Geração Euro. Achamos que seria interessante participar pois, para além do prémio, o concurso poderia levar-nos a conhecer uma realidade diferente. Começámos sem  saber muito bem as dificuldades que eventualmente iríamos ter de enfrentar, mas estavámos confiantes e prontos para a aventura.

A primeira barreira a atravessar foi sair da nossa zona de conforto, pois o concurso é da área de economia e nós somos alunos do curso profissional de cozinha e pastelaria. Podíamos ter receio, mas tivemos sempre o apoio incondicional da professora que nos guiou por todo este trajeto, e acreditámos que poderíamos aprender se nos esforçássemos.

Na primeira fase do concurso respodemos a 30 questões relacionadas com o BCE (Banco Central Europeu) e sobre conceitos económicos, como a inflação. Foi a fase mais complicada, pois não há margem de erro e o tempo de resposta também é critério.

A segunda fase foi o momento de começarmos a redigir o ensaio. Ao construirmos o corpo da nossa apresentação, a nossa motivação foi crescendo pois tivemos de aplicar a nossa criatividade, um dos pontos avaliados pelo juri, o que permitiu trabalharmos em conjunto e boa disposição. Aproveitando o facto de sermos alunos de restauração, o nosso trabalho resultou numa encenação de uma conversa de amigos sobre as implicações económicas de criar o nosso próprio negócio – o nosso restaurante.

Passamos à terceira e última fase e fomos a Lisboa apresentar o nosso trabalho. Esta fase foi claramente a mais interessante, mas também a mais inquietante pois sabíamos que íamos enfrentar as outras equipas e os jurados. Apesar da ansiedade estávamos seguros pois trabalhamos arduamente, tínhamos uma apresentação original e o acompanhamento da nossa mentora que sempre nos fez acreditar que éramos capazes.

Não estávamos à espera, mas conquistamos o segundo lugar! Para nós, foi muito mais do que um lugar no pódio, pois ganhamos uma experiência maravilhosa e enriquecedora.

Só nos resta agradecer a oportunidade!

André, Fábio F., Hugo, João e Stella

“Os Pasteleiros”, Turma CPR2

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Ensaio escrito pela equipa: 

Ensaio sobre a decisão do Conselho do BCE de 25 de Janeiro de 2018

 

O João, o Hugo, a Stella e o André são quatro amigos de longa data. Os quatro tiraram o curso profissional de cozinha e pastelaria e mantiveram o contacto apesar de trabalharem em locais diferentes.

O André herdou o Café Pastelaria Fina que está na sua família há gerações.

A Stella esteve emigrada nos EUA nos últimos 4 anos e está agora de regresso ao seu país.

O João e o Hugo estão ambos empregados num restaurante estrela Michelin no Porto.

Juntos sonham abrir um restaurante de tapas & vinhos.

Os quatros amigos encontraram-se numa tarde de sábado no Café Pastelaria Fina para discutirem o seu futuro empresarial…

 

João: “Meus amigos, na minha opinião temos de avançar já. Está na altura certa. Somos jovens, já temos alguma experiência e temos uma ideia de negócio brutal. Vamos lá abrir o nosso restaurante de tapas & vinhos que vai ser um sucesso. Estive a ver possibilidades de empréstimo e as taxas de juro estão mesmo, mesmo baixas. Segundo o que ouvi dizer, estas taxas não são normais e irão voltar a subir. Temos que aproveitar agora.”

André:Mas olha que, as taxas de juro não vão subir já. O BCE irá reunir dia 25 de Janeiro para decidir a sua política monetária, e eu tenho a certeza que não vão alterar as taxas de juro diretoras.”

João: “O que te faz ter tanta certeza?”

André: “Basta olhar para os indicadores económicos e monetários disponíveis, tendo em mente que o principal objetivo do BCE é a estabilidade de preços.”

Stella: “Eu também concordo. As taxas de juro não vão subir e ainda temos tempo para arriscarmos em criar o nosso negócio. Temos de ter mais experiência!”

João: “Eu percebo o que vocês estão a dizer, mas reparem que o objetivo principal do BCE é a estabilidade de preços e a taxa de inflação, medida pelo IHPC, foi de 1,5% em outubro de 2017, com as projeções macroeconómicas de dezembro de 2017, elaboradas por especialistas do BCE, a apontarem que em 2020 a inflação será de 1,7%. Ou seja, a política monetária que o BCE está a implementar desde 2014 está a resultar. Será que não está na altura do BCE reduzir estas medidas excecionais?”

Stella: “Sim, claramente há uma regresso da inflação para valores positivos. Mas não te esqueças que a subida recente da inflação foi devido à subida do preço dos produtos energéticos, ou seja, à recuperação do preço do barril de Brent, causada pela tensão no Médio Oriente, a crise na Venezuela e a manutenção do acordo do corte da oferta de petróleo dos países exportadores de petróleo até ao final de 2018. Mas, de acordo com as projeções macroeconómicas dos especialistas do BCE de dezembro de 2017, no médio prazo, o preço dos produtos energéticos voltará a descer, levando muito provavelmente a uma redução das taxas de inflação.”   

Hugo: “Se tentarmos pensar como o BCE irá pensar quando estiver a tomar a decisão sobre a sua política monetária teremos de olhar para os indicadores económicos da zona euro. A nível económico a área euro encontra-se num momento de forte e sólido crescimento. Praticamente todos os indicadores estão positivos. Ora vejamos:

- O PIB real apresentou uma taxa de crescimento homóloga de 2,6% no 3.º trim.’17, superior à taxa de crescimento registada non 2º trim. (2,4%). De acordo com as projeções dos especialistas do BCE de dezembro de 2017, a taxa de crescimento anual do PIB real em 2018 será de 2,3%, em 2019 de 1,9% e em 2020 de 1,7%, estas projeções foram revistas em alta, face às projeções de setembro. De realçar também que esta expansão económica é transversal a todos os países e setores da zona euro;

- A procura interna manteve-se como o principal fator de crescimento da economia da área do euro, apresentando uma taxa de crescimento homóloga significativa de 2,4% no 3º trim. de 2017, face a 2,3% no 2º trim., o que indica um aumento da procura dos bens e serviços da zona euro;

- As exportações líquidas também estão a aumentar, embora de forma reduzida, impulsionadas pelo crescimento económico mundial;

 - O consumo privado, principal rúbrica da procura interna, manteve uma taxa de crescimento homóloga de 1,9% no 3º trim. de 2017. De acordo com as projeções dos especialistas do BCE de dezembro de 2017, a taxa de crescimento anual do consumo privado será de 1,7% em 2018, 1,6% em 2019 e de 1,5% em 2020;

- No entanto, o principal impulsionador da procura interna tem sido o investimento das empresas, que apresenta uma taxa de crescimento homóloga no 3º trim de 2017 de 4,2%!”

João: “Estás a ver? Está toda a gente a investir, é isso que está a dinamizar a economia. Nós estamos a perder a oportunidade. Temos de investir agora e contribuir também para o aumento do emprego”.

Stella: “Pois, de facto foi por isso que eu voltei. A taxa de desemprego já não tem nada a ver com o nível de desemprego quando nós acabámos o nosso curso. Lembram-se? Até tive de emigrar para os EUA. Em 2014, a taxa de desemprego na zona euro era de 11,6% e no 3º trimestre de 2017 foi de 9,0%. De acordo com as projeções dos especialistas do BCE de dezembro de 2017, a taxa de desemprego irá continuar a sua tendência decrescente registando um valor de 8,4% em 2018, 7,8% em 2019 e 7,3% em 2020. E isso significa que as pessoas terão mais rendimento disponível para consumir, o que vai influenciar positivamente a procura.”

João: “Até o BCE está a contar connosco para reduzirmos a taxa de desemprego!!!”

André: “Eu já contribui para a redução de desemprego e para o crescimento da economia…”

Stella: “Estás a brincar? Tu herdas-te este negócio!”

André: “Herdei, mas, entretanto, já fiz obras de remodelação e contratei mais pessoal. O que só foi possível porque as taxas de juro estão muito baixas, porque há mais pessoas no café, ou seja, a procura aumentou e porque o negócio tem dado uma boa rentabilidade. Na prática, eu sou uma prova viva que a política do BCE tem produzido efeitos reais na economia.. foi isso que me incentivou a investir mais no meu negócio. O Fábio foi um dos jovens que contratei como empregado de mesa, e ele tem andado todo contente, está muito confiante que a vida lhe vai correr bem e até vai casar!”

Hugo: “Esse é também um dos indicadores económicos analisados pelo BCE: Indicador de confiança. Existe uma forte relação entre o sentimento de confiança dos consumidores e das empresas e o crescimento económico de um país ou região. E de facto, a confiança dos consumidores da zona euro está atingir máximos históricos, indicando que as famílias e as empresas não têm receio de consumir ou de investir.”

Fábio: “Eu até já fui ao banco pedir uma simulação de um crédito à habitação. Tive que ir rapidamente porque o mercado imobiliário está muito dinâmico e as casas não ficam muito tempo sem se vender. No banco disseram-me que a procura por crédito pelas famílias tem sido cada vez maior.”

Stella: “É verdade. Se passarmos agora para a análise monetária, um dos indicadores analisados pelo BCE é o crédito a residentes. No caso das famílias, como a do Fábio, o crédito concedido tem vindo a crescer a taxas superiores a 2% desde 2016, sendo que em outubro de 2017 atingiu os 3,2%. Este facto deve-se, principalmente, às taxas de juro reduzidas e ao aumento de confiança das famílias. Por outro lado, o investimento em habitação aumentou 1,3% no 2º semestre de 2017 e as projeções indicam que a recuperação do investimento residencial irá continuar, embora talvez com menos dinamismo.”

André: “Também o crédito às empresas está mais atrativo. Stella, diz-me lá quanto é que foi a taxa de crescimento?”

Stella: “No caso do crédito às empresas, a taxa de crescimento homóloga foi de 1,7% em outubro, mantendo a tendência de crescimento que se iniciou no início de 2015. Para além disso, no inquérito realizado aos bancos sobre o mercado de crédito na área do euro em outubro de 2017, estes referiram que a procura líquida continuou a aumentar em todas as categorias de empréstimos, derivado das condições de oferta de crédito menos restritivas.

Mais, referiram também que as taxas de juro negativas, embora tenham um impacto negativo sobre a margem financeira dos bancos, tem tido um impacto positivo sobre o respetivo volume de empréstimos.”

João: “As taxas de juro tão reduzidas não são nada boas para as minhas poupanças. Quase que nem vale a pena ter poupanças! É como vos digo, está na altura de investirmos, para quê ter o dinheiro no banco!”

Stella: “O que tu estás a dizer reflete-se na evolução dos agregados monetários. É interessante verificar que apesar de taxas de juro tão reduzidas, não se verifica um crescimento fora do normal do agregado monetário M3. Este indicador tem apresentado taxas de crescimento estáveis, pois desde 2015 que apresenta um crescimento a rondar os 5%. Em outubro de 2017, o agregado M3 cresceu 5%, sendo que em setembro tinha crescido 5,2%. Mas verifica-se que é o agregado monetário M1 o principal fator impulsionador do crescimento da circulação monetária, com taxas de crescimento a rondar os 9,5%, enquanto que o M2 – constituído por poupanças até 2 anos, tem apresentado taxas de crescimento negativas. Ou seja, as pessoas já não são incentivadas a poupar e há mais dinheiro físico em circulação. Isto pode ser um problema no médio prazo.”

Fábio: “Mas agora estou a ficar preocupado. Se os indicadores são todos tão bons, porque é o BCE não começa já a subir as taxas de juro diretoras. Não é normal as taxas de juro estarem com valores negativos, pois não?”

André: “Não é nada normal. O normal é o dinheiro aumentar de valor com o tempo. Há vários efeitos negativos da manutenção de taxas de juro tão reduzidas: redução significativa da poupança e do valor das mesmas; redução da rentabilidade dos bancos, o que reduz a sua capacidade de financiar a economia; redução do incentivo para os governos nacionais fazerem as reformas estruturais necessárias para sermos mais competitivos; aumento do endividamento, etc... Se calhar, era melhor o BCE começar a pensar em acabar com as medidas não convencionais e começar a subir as taxas de juro diretoras. Se calhar, é mesmo melhor investirmos já. ”

Hugo: “Estás a esquecer-te novamente de qual é o objetivo do BCE. Ainda não é certo que a subida da taxa de inflação seja sustentável. Embora o crescimento económico seja uma realidade na zona euro, o que impulsiona positivamente a inflação, também há incertezas a nível mundial que podem influenciar negativamente a inflação – é o caso da evolução do preço do petróleo, o protecionismo nos EUA e no Reino Unido que pode levar à redução das nossas as exportações e ainda a incerteza quanto à evolução dos mercados cambiais.”

Stella: “Cruzando toda a informação, acho que o BCE faz bem em ser prudente e não subir já as taxas de juro diretoras.”

João: “Já estou a ver que hoje não vamos decidir nada...”

Hugo: “Para já, concordamos sobre a decisão do Conselho do BCE na sua próxima reunião de política monetária: As taxas de juro diretoras não serão alteradas e o programa de compra de ativos irá manter-se, pois a tendência da subida da taxa de inflação para níveis próximos de 2%, ainda não é sustentável.”

André: “Sim. Mas nós não vamos decidir o nosso futuro como empresários apenas com base na decisão da política monetária da zona euro. Eu estou de acordo com o João. Já temos conhecimento, experiência e o ambiente é muito favorável para investirmos (graças às medidas do BCE), por isso eu voto a favor do Tapas & Vinhos! Quem está comigo?”

 

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